sexta-feira, 30 de maio de 2014

los pampas


Cleidi Lopes nasceu há 52 anos, em São Gonçalo/RJ. Busca nas sutilezas de cores e cenas capturar os instantes brevíssimos em que a beleza se faz mais profunda.

Pelo silêncio da prata (poema de Eliezer Dias de Sousa)

Quem cinzela prata e ouro
Com gosto arte e paciência
Reproduzindo a querência
Com moldes de sua lavra
Dispensa demais palavras
Que o nobre metal reluz
Tua obra em alma traduz
Segredos que o mundo encerra
De um anjo que veio a terra
Num raio guacho de luz.

Ou talvez o conhecimento
Em vidas acumulado
Vindo de um tempo sagrado
Da missionária oficina
Que chegou a ti peregrina
Num sacrossanto sinal
Seguindo o mesmo ritual
Do índio e do missionário
Que molda o próprio sacrário
Santificando o metal.
.

Quem sabe o antigo platero
Dos tempos de Andaluzia
Renascido em novo dia
Moldando vida nas formas
No barro em que transformas
Não vale a importância inata
Do ouro, bronze ou a lata
Que em versos reproduzi
Tua arte fala por ti
Pelo silêncio da prata.
.

Essa arte é dom divino
Que a ciência não explica
Nem tampouco justifica
Entre tentos e filigranas
E minhas rimas profanas
Comprovam um pouco disto
Isso é que estar em Cristo
Em celestial oração
Chegaste assim a perfeição
Tu faz e Deus passa visto.


Eliezer Dias de Sousa nasceu em Bagé/RS, cidade onde ainda mora. É professor aposentado da Universidade da Região da Campanha, compositor, poeta e apaixonado pelo universo da vida campeira.

sábado, 24 de maio de 2014

Art Nouveau


O Moizes Vasconcellos é natural de Caçapava do Sul/RS e atua como repórter fotográfico do jornal Diário Popular, de Pelotas. Possui também formação em Memória e Patrimônio/UFPel.

Canções (poema de Janete Flores)

As canções estão comigo...
E as mulheres que me habitam se reviram dentro delas...
Já fui e sou todas elas...

Multiplicada...

Um misto de solidão e tédio...
Que em dias sonha...
Em outros se conforma...
Mas de repente se levanta...
Ergue a alma...
E numa ação renovada busca tocar e crer...

No céu...

E se ergue em sonhos...
E no sonho é feliz!

Eu estou nas canções...
E elas estão em mim!


A Janete Flores é porto-alegrense radicada em Pelotas/RS, tem 47 anos, é umbandista e tabagista. Publicou os livros Sentidos (1997), Humanos (1998), Respostas (2000), Faz canto e ninar óh mãe que é pra eu adormecer (2009), Alma e epiderme (2013), A memória das pedras (2014) e os discos Retina (2011) e Pra ti! (2013).

domingo, 18 de maio de 2014

ETeobaldo no Planeta Brasil ( charge de Sérgio Nadal Jr.)


Sérgio Nadal Júnior é um pré-artista, que se satisfaz com sua própria arte, gosta de desenhar, cantar e tocar violão, teclado e caixinhas de fita k7. É apaixonado por discos de vinil e livros biográficos. Já fez Desenho Industrial e é Bacharel em Direito pela UFPel (e daí?). Nadal se define como um crítico por natureza.

amor (poema de Ana Lúcia Almeida)

Amor,
Não preciso de lições 
Não preciso de castigos 
Preciso de carinho 
Do teu abraço, da tua mão e de estar contigo

Às vezes, quando tudo está ruim 
E o céu, escuro 
Lembro de ti, do teu riso 
E tudo fica claro

Amor, 
Colocar assim, a tranqüilidade 
Na lembrança de alguém 
Pensar e acreditar que se tem um bem 
Faz viver com serenidade

Amor, 
Não sou mesmo equilibrada 
Sim, dou muitas mancadas – sou “errada” 
Fico triste com freqüência 
E acabo com a tua paciência
Eu sei

Mas fazer o quê?
Não dá pra ser princesa o todo tempo 
A vida, muitas vezes, é um tormento 
Que só serena com o teu bem querer.


Aninha (Ana Lúcia Almeida) por ela mesma: nasci em pelotas, em 72, uma ótima safra. aprendi a ler e a escrever muito muito cedo. encontrei na escrita uma forma de expressar sentimentos confusos ou difíceis que tinha na infância. a poesia é uma forma de organizar um caos interno. às vezes.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Sí és minha Cocanha ( poema de Flor Ariza)

desci até la calle peguei um ônibus en el coração uma pontinha de liberdade. Nos cheiros o idioma não passa de um detalhe uma exposta subtropicalidade espanhol – português banho sueños y poemas amorosos. El general deu o permiso e enquanto caminhava tentei imitar o passo da gente pero no he conseguido hablar! A esmo saí à deriva do meu próprio não ser baixei até a Sarandí - rindo do que sou e do que deixo de ser. Entrei em um bar vazio onde três chicas trabalham pomelo y un poema pibes drogados e a catedral chamando para a missa das 17:00 os trabalhadores saem de sus oficinas y lotam os ônibus los niños com uniformes brancos e enormes gravatas azuis correm pelas ruas depois do horário escolar. Estoy flanando o cotidiano estou na paisagem trágica y soy a própria tragédia engraxates turistas senhoras estudantes da universidade artistas da rua na rua sendo mágico em completa sensibilidade. O sol está baixando indo dormir no río y yo fazendo o percurso amoroso             cuerpo y pelo sentindo real fantástico de que sí és minha Cocanha.


Flor Ariza é a jaguarense Juliana Nunes, historiadora e sagaz perceptora da poesia cotidiana.

Estação Basílio, casa onde vivi minha infância.


Giancarlo Borba atua como músico, compositor, educador e pesquisador de culturas populares. É natural de Herval/RS e radicado em Terra de Areia/RS. Seu mais novo trabalho é o CD Milongador.

sexta-feira, 9 de maio de 2014


Carolina Villavicencio, “Saudade”, Comunicadora Social de origen Ecuatoriano apasionada por la comunicación y todo el azar que genera con su existencia… Sin certezas en la vida pero con la firme convicción de que la gente se encuentra unida únicamente por las historias, las contrariedades, las nimiedades, los relatos construidos, las vivencias reciprocas, los momentos unívocos, las complicidades compartidas en las que el lenguaje en constante construcción y deconstrucción es el puente para la unión de hecho…

ônibus I

E a unha do dedão do pé direito, da moça que está sentada à minha frente no ônibus, tem o desenho de uma flor vermelha desabrochada. A moça levanta séria e olha pra rua com meio sorriso amarelo. O ônibus segue e ela também segue amarelando, dá sinal não olha pra ninguém e desce. Eu fico olhando a moça caminhar na calçada e a flor desenhada no dedão da moça me diz: ela não desabrochou.


A pelotense maria poeta, também conhecida por Maria Inez Rivas, não gosta de esconder a idade de 52 anos e faz sua estreia em publicações impressas nesta coletânea. Seus poemas foram pela primeira vez apresentados na página do Facebook que leva seu codinome. A poeta atua em saraus e eventos artísticos e culturais da região em que vive.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Nota de esclarecimento sobre o silêncio

Tenho visto coisas, tenho visto vagas, tenho visto a vista vazia de estradas.
Onde havia cores, vai aleijado o caminho, sem o apetite das feras a fome perdeu o seu brilho, a febre não tem serventia, nem causa nem solução. 
O cansaço em estado pleno, à vontade, em estado estático.
O silêncio a pesar nos ombros, o silêncio se tornando o fato.
O silêncio já não é a pausa, o silêncio posto de comando, dando ordem aos rasos, senhor das mensagens, imperador, tirano... 
O silêncio ditador do mundo, devorador de passos, inflado, vago e ausente, impostor das verdades, dominador de almas, destruidor de mentes. 
E tudo isso que poderia ter sido música... 
Tornou-se a banalidade, o evento! (Janete Flores/2014)



A Janete Flores é porto-alegrense radicada em Pelotas/RS, tem 47anos, é umbandista e tabagista. Publicou os livros Sentidos (1997), Humanos (1998), Respostas (2000), Faz canto e ninar óh mãe que é pra eu adormecer (2009), Alma e epiderme (2013), A memória das pedras (2014) e os discos Retina (2011) e Pra ti! (2013).