quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Canteiro de Barro
Trouxe o peso das folhas caídas
das vidas passadas
das sementes plantadas
e do jeito esquisito de dizer tchau
Foi o vento, Margarida
quem levou tua terra macia
e deixou essas pedras de sal
Recolhe tudo de uma vez
o sol vai se pôr daqui a pouco
o Girassol vai dormir, talvez...
ou talvez te fazer sombra
pra assombrar o louco
que te fez
No teu canteiro de barro sovado
enfeitado de Açucenas cantantes
chove sem avisar
quando tem luar minguante
Foi o vento, Margarida
quem marcou essa ferida
na tua raíz
Esse pranto carregado
de verso, abandono e dor
deixou teu caule atrofiado
Mas ouve o ditado
do Cravo ao lado
que sempre diz:
só o tempo,
cara flor,
apaga cicatriz
Matheus Ávila nasceu, cresceu e plantou-se em Arroio Grande / RS, desde 1983.
Bacharel em Design Gráfico pela UFPEL, transita - a seu modo - entre letras, sons e imagens.
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