quinta-feira, 21 de março de 2013

Luz e Sombra

Márcia Horner Ferreira nasceu em 67. Prefere ser turista, mas precisa voltar sempre para sua raiz (Arroio Grande), onde encarna a veterinária, que é para manter suas paixões: estrada e fotografia.
Em raiz de curta noite
lá em cima de um monte
um castelo surgia
em meia luz
ao meio dia
Simples e obsoleto
mergulhando em areia frutífera
se constrói em movimento.
Em sua santidade
havia flores
e também maldades
Queria sorrir
e também morar
lá em cima de um monte
queria cavalgar.

Sentia forte
e seguras
aquelas mãos,
fruto bem maduro
Imaginava sozinho
aquele belo menininho
que carregado de ilusões
viaja por sertões.
e por tantas em raiz de noite curta
lamentava e suava suas indignações



Hohanne Vilela é jaguarense e tem 19 anos. Sempre gostou de escrever, mas se apaixonou pela Literatura na Universidade. Foi encontrada pela poesia no ano de 2012, quando criou o blog http://oaltardopensar.blogspot.com.br/, seguido pelo atual http://paralisiadascoresmudas.blogspot.com.br/. Escreve sobre o que a deixa inquieta. Faz parte do Círculo dos Poetas e Escritores da Unipampa.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Submersos


A professora Eliana Lúcio nasceu em 1961, em Arroio Grande/RS, onde, nos dias de chuva de sua infância, viu germinar sua grande paixão, a fotografia. A caixa de fotos da família, santo remédio encontrado pela mãe para aquietar a menina de suas traquinagens, não foi motivo, portanto, para que Eliana, licenciada em Artes Plásticas e admiradora da maestria dos construtores, aquietasse a alma ou estancasse a criatividade de sua mente. Residindo em sua cidade natal, aproveita-se da privilegiada claridade de seus rincões para gravar belas imagens dos mundos que abundam de suas vivências.

Sincero Pranto de Um Prisioneiro das Varas

Retumba um casco na pedra...
E lembro que há tanto tempo, não sinto o puro do vento
Roçar na franja tordilha...
Sinto o peso de outra carga, que me toca carregar
Com destino pra entregar, mas sem visão de retorno...

Em minha volta, o concreto faz silêncio no caminho...
Eu sigo, bem mais sozinho...
Ao olhar destes estranhos, que nem reparam os lanhos
Sobre meu couro estradeiro..
- Só mais um flete cargueiro, só mais um simples vassalo...

Serei vassalo, senhor ? Eu que carreguei, nos tentos
O teu singelo sustento, que te faz vivo à este mundo...
Eu que tive o suor das horas, eu que conheci a espora
E a dor que sempre me implora, cobrando pressa e coragem...

Talvez seja prisioneiro das varas desta carroça...
Eu que, quando ainda potro, sonhei galopes nas várzeas
Pisei o pasto nativo, e tive guarida ao campo
Eu que nunca pedi tanto, agora sobre esse pranto
Demonstro à ti, meus motivos...

Eu fui cavalo do pampa...
Retocei nos mananciais, conheci os sumidouros
Fugi das rusgas de touro, aprendendo onde cruzar...
Desde cedo na tropilha
Pensava que as tuas encilhas seriam a pior prisão
Até tocar outro chão, não mais campo e claridade
Sou cavalo da cidade, troteando em troca de pão...

Então soube que as mangueiras não eram o pior destino
Que o afago repentino de quem me estendeu o braço
Não me roubaria espaço, se continuasse no campo
- Retorno ao triste do pranto. Estoura um mango no espaço...

Por quê será que tu, homem, guardas o ego maior
E só pensas ser melhor, sem reparar teu igual ?
Por quê me tiraste o freio, e me largaste na rua
Sob a luz branca da lua, bastereado e sem buçal ?

Perdi a conta da idade, mas vejo que passou muito...
Ainda julgam-me escravo e de instinto irracional...
Destopeteado, sem Norte, buscando o rumo da sorte
Ou o desaviso da morte, pra voltar a ser bagual...

Talvez, a estrada que vim, se mostre aqui, novamente
E eu veja o campo por frente, me cabresteando - qual filho -
Me desapertem o lombilho, tirem-me o freio... Assim seja !
Me vou, pisando carquejas, pra o velho cocho de milho...

Ouço o relincho dos outros, como em chamado presente
Pra que o silêncio latente, se quebre e eu não sinta a espora...
Vejo o templo lá de fora, com saudade de outros planos
E mostro à ti, ser humano, que cavalo também chora !

Logo, retorno - silente - ao atual berço que habito...
Ouço batidas e gritos, sigo extraviado ao sentir
Peço que possa surgir, boa consciência pra tantos...
- Cavalo é filho do campo, de onde não deve partir !



Matheus Costa Borges nasceu em 1995, na cidade de Dom Pedrito. Cursa o último ano do ensino médio. Começou a escrever aos 12 anos, foi uma coisa que surgiu bem natural, por intenção própria. Acredita que o maior bem de quem se atreve a escrever é poder dar conforto à própria alma no 'silêncio falante' que a poesia oferece.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Lisura


Alexandre Neutzling nasceu em Canguçu/RS, no ano de 1980. Mora em Pelotas, onde graduou-se em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, na Universidade Católica de Pelotas. Atua como fotógrafo profissional, em trabalhos como: Books, Eventos, Recepções, Aniversários, Fotos Artísticas, Fotos Publicitárias e Ensaios Fotográficos.

quarta-feira, 6 de março de 2013

POEMALISMO

Poetizo porque preciso plantar palavras.
Petrificar poesia pura, plácida.
Poetizo para permanecer perene.
Poetizo prisioneiros pesadelos.
Poetizo poeira presa perante pensamento.
Pensamento passageiro, pensamento peregrino.
Poetizo pandorgas pairando paralelos.

Poemizo palavras pulando precipícios.
Psicóticas, perigosas...
Pequenas partículas patológicas.
Piro.
Problematizo.

Poemalizo paciente...preces, pedidos,presságios para
Pardos pobres
Pretos punks
Putas pervertidas
Pessoas pedindo...permanente perdão.

Presente, passado, princípio...POEMALISMO.



Lutiele Tajes mora em Arroio Grande/RS, sua cidade natal. É estudante de Letras da Unipampa - Campus Jaguarão, e participa Círculo dos poetas e escritores da Unipampa.