sábado, 30 de novembro de 2013

Mamão

A Dani Rodales é estudante de Letras e de fotografia :)

E se...?

Quando você se pergunta:
E se amanhã os ‘eu’ não mais o serem? E se amanhã a encontrarmos esperando atrás da porta?
E se amanhã Deus se revelar um tirano sarcástico e der seu basta em uma fúria incontrolável?
E se amanhã eu não puder lhe desejar ao menos bom dia? E se estas forem as últimas palavras?
E se esse amanhã for hoje? Daqui um pouco? Agora? Nem tchau?

E se amanhã não for nada disso e isso tudo se tornar apenas um nada? Ido, passado, quem sabe lembrado ou até desejado, mas ido!
E se, seja lá o que for amanhã, se perguntar ‘e se?’ e a resposta for ‘não sei, quem sabe’?
Ninguém sabe e nem se importará, pois já foi!”
Larga suas pedras! Solta as correntes e liberta seus pensamentos, suas perguntas, suas angústias e deixa-os voar para longe e lhe trazerem sonhos para serem vividos: nesta vida ainda!
E quando assim escolher, olha em volta e me verá, pronto!
Caminhe em minha direção, faça-o a passos largos, de braços abertos, sem sentir as pernas, mas o vento em seu rosto, e sorria ao balanço único deste caminhar. Caminhe com seu todo, seu tudo!
E seus olhos brilharão aos meus, seu sorriso será gargalhada às minhas, e flutuará a mim!
corpo, fecharei suas feridas com meu toque. Perca-se em meus braços como me perco nos seus. E será com o meu mais verdadeiro e mal-in
E quando a mim chegar, enxugarei suas lágrimas com meu rosto, limparei seu sangue com meu
tencionado beijo que lhe mostrarei que não estou nem atrás nem a sua frente, mas ao seu lado, sem “e se”; apenas sendo!


Rafael Castellar das Neves nasceu em 26 de setembro de 1979 em Santa Gertrudes, interior do estado de São Paulo. Desde 2008, mantém o blog “Desce Mais Uma!” (http://descemaisuma.blogspot.com), onde registra suas poesias, contos e crônicas. Em abril de 2010 publicou seu primeiro livro “Desce Mais Uma! – Primeira Rodada” que reúne vários de seus textos. Em 2012, publicou o romance "Patos". Ambos estão disponíveis para download no blog do autor.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

E eu me admirei do amarelo!


Cleidi Lopes nasceu há 52 anos, em São Gonçalo/RJ. Busca nas sutilezas de cores e cenas capturar os instantes brevíssimos em que a beleza se faz mais profunda.

Ela e ele

Ela pensa nele.
Ela pensa muito nele.
Ela sabe que não deve.
(O Mar é pra navegar)

Ele pensa nela.
Ela pensa que ele pensa nela.
Ela quer pensar assim.

Ele cuida dela.
Ele usa uma calça saint-tropez com cinto de couro.
Ela pensa que é porque ela é fã do Robert Plant.

Ele é doido.
Ele pensa e diz que ela é engraçada.
Ele chama para ver a lua.
Ele quer ir pra rua as três da manhã.
Ele a acorda com carinho e beijo.
Ele tem nas mãos uma flor, um café e uma torrada.

Eles escutam música e se beijam.
Eles gostam de muitas mesmas coisas e nem precisam dizer um ao outro.

Ele diz palavrão.
Ela não.
Ela, às vezes, pensa que ele sabe que ela não sabe o que quer.
Ela acredita que ele sabe que ela não sabe o que faz.

Ela é confusa, às vezes.
Ele é confuso para ela, às vezes.
Ele falou muitas coisas que ela concordou.
Ela estava com sono e não lembra de tudo que foi dito.

Ele lembra quem é.
Ele faz um desenho explicando.
Ele, no fundo, sabe que ela é dã.

Ela sabe que tem que sair dessa.
Ela sabe que o jogo é perigoso.
Ela pensa que só consegue escrever com ele por perto.

Eles brincam um com o outro.
Eles riem um do outro.
Eles até cuidam um do outro.
Eles, às vezes, se seguram um no outro.


Aninha (Ana Lúcia Almeida) por ela mesma: nasci em pelotas, em 72, uma ótima safra. aprendi a ler e a escrever muito muito cedo. encontrei na escrita uma forma de expressar sentimentos confusos ou difíceis que tinha na infância. a poesia é uma forma de organizar um caos interno. às vezes.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Guadalupe


    Flor Ariza é a jaguarense Juliana Nunes, historiadora e sagaz perceptora da poesia cotidiana.

A nereida

- Posso falar um minuto com você? – Ari, o rapaz que vivia livremente pelo centro da cidade colocou sua mão no meu ombro, e eu o olhei com um levantar de sobrancelhas.
Eu voltava de um espetáculo no Sete de Abril, em que se encenara o poema trágico Fausto, de Goethe, e não sei diferenciar se foi coincidência ou não, privilégio ou não, que eu atravessasse a Praça Coronel Pedro Osório, a caminho da zona do porto, e, em um primeiro momento, não encontrasse com o rapaz. Era uma noite de lua cheia e eu trazia, marcados na cabeça, os recursos de persuasão usados pelo demônio Mefistófoles para convencer todos de que poderia conquistar a alma de Fausto – um favorito de Deus – aquele que tentava aprender tudo que poderia ser conhecido.
Eu estava ambientado com o cenário da Praça, talvez fizesse parte dele naquele momento, mas, no meio de tantas imagens fixas, eis que me deparo com o inusitado: uma das Nereidas do chafariz, mais tarde ela me diria seu nome, olhava-me com um brando sorriso enquanto tentava controlar seu cavalo. Parece-me que o artista que dera traços fortes àquele monumento vislumbrava nosso encontro.
Uma das coisas que mais me atraia era a harmonia da linguagem antagônica entre o supostamente frágil – visto no detalhamento da mulher –, e o bruto – que reside na composição do cavalo. E foi, subindo os degraus, que me aproximei da borda do chafariz, ficando frente a frente com Ana, a moça que estava sobre o animal. Não pude conter-me quando me convidou para dar uma volta em sua garupa. Segurei-me em seu braço esquerdo e subi no cavalo. As batidas do meu coração junto ao fluir da água empoçada formaram uma melodia descompassada em mim. Estava começando a chover, e eu, ali, naquele ponto em que se pode observar parte do centro histórico pelotense. A sensação era de que eu me perdia de mim.

*

Foi assim, com o espírito como que vagando na praça, que passeamos, conversando em uma língua que parecia fazer sentido apenas a nós dois. Virando-se no sentido sul, o cavalo, neste momento com as rédeas soltas, pois Ana decidira virar-se para mim, seguiu, a passo, rumo ao porto da cidade. Não sei se por causa das doses de whisky, que havia bebido em casa antes de ir ao Theatro, eu vivia a irrealidade e acreditava em Ana. Que ela soubesse que era quase que imperioso, abraçá-la e misturar sua intimidade à minha. Pretensão imaginar que ela compreendesse meus sentimentos e que quisesse realmente me acolher. Sei que é absurdo, mas tinha fé nisso. E, sim, ao pararmos em frente à igreja cabeluda, ícone do anglicanismo pelotense, desci do cavalo e, como um cavalheiro, a fiz escorregar pelos meus braços. Beijamo-nos pela primeira vez.
Quando dei por mim, estávamos de pé ao lado do animal. Este, por sua vez, ensaiava comer a vegetação que embeleza a tradicional igreja. Lembro que, enquanto descíamos a rua General Telles, tocava de leve, quase que respeitosamente, humildemente, a mão de Ana, enganando a mim mesmo que isso bastaria para satisfazer meus instintos. Mas era evidente que não. Em um primeiro momento, seguimos assim, como que um casal de namorados, romanticamente, nossa caminhada.
Eu estava relacionando-me com uma estátua? Como, se eu sentia, delirantemente ou não, que sua pele tinha estava quente? Sim. Era verdadeiro para mim. A chuva tocada a vento intensificou-se, fazendo os cabelos de Ana se mexer levemente, e logo percebi uma oportunidade de fazer carícias nele. Como se a Nereida estivesse à vontade com meus carinhos, senti-me como Fausto: estava conhecendo um novo sentimento.
...

Foi por volta das 2h que me percebi sentado, nas doquinhas, ao lado daquela Nereida. No céu, as nuvens dissipavam-se como o algodão doce ao ser comido por uma menina no parque. Não se enxergava mais o cavalo, o que me fez entender que talvez continuasse a comer os ramos presos à parede da igreja cabeluda. Estávamos a sós, eu e Ana – ou, no mínimo, parecíamos estar.
Conversávamos, quase que com rostos selados, a respeito da monotonia da praça onde se dera nosso primeiro encontro. Ana contara-me seus desejos mostrando-se muito relaxada junto a mim. Relatou-me sua viagem, realizada em 1873, da Escócia até Pelotas, e, fixando seus olhos nos meus, afirmou saber, desde sempre, que encontraria alguém com que pudesse deixar o estado de monumento e transformar-se em mulher, sentir o que é ser mulher. Posso garantir que a afirmação me acelerou. Despertou-me o desejo de ter aquela recém feita mulher em meus braços. Procurando não ser indelicado, beijei-a e lembro que, com a mão esquerda, acariciei, fingindo uma despretensão, sua coxa direita.
Ana suspirou, não tive dúvida, então, de que ela havia sentido algo novo para o mundo das estátuas, contudo, assim como se estivesse voltado a si, afastou-se. Disfarcei e olhei para o barco que estava ancorado logo a nossa frente, mas, quando voltei o olhar a ela, foi apoiando seu corpo no meu. Ela estava de costas, o que fez a palma da minha mão tocar seu peito. Quando percebi que Ana estava de olhos fechados, pude sentir-me tranquilo para acariciar seus seios macios, ainda de leve para não parecer rude. O tempo inteiro, policiava-me com a intenção de demonstrar casualidade. Sua veste era apenas um manto branco, e aquilo despertava, cada vez mais, meu desejo.
- É a sua primeira vez? – atrevi-me a perguntar, quase que suspirando.
- Aham. – respondeu-me com sua voz suave, de quem passou longos tempos calada. A Nereida agora suspirava ao meu ouvido, sem contenções, mostrando uma respiração ofegante. Pareceu-me uma moça que se deixava levar, creio que por sua falta de experiência, mas entendi que não depois que desabotoou minha camisa, abriu o zíper da minha calça e mostrou-se submissa. Senti-me distante naquele momento, ouvi solos de guitarra saindo de mim, resolvi, logo, cruzar a barreira e penetrá-la. Nesse instante, formamos um só corpo. Gemíamos, contidamente, talvez com medo de sermos ouvidos por alguém. Acreditei que ela quisesse sentir o sabor do whisky em minha boca, e beijei-a mais uma vez, enquanto gozávamos da relação. Como é bom conhecer coisas novas.

*

Subitamente eu estava, sobre a amurada da borda do chafariz da praça, molhado, despido, com minhas roupas jogadas ao chão, sendo tocado por um rapaz que parecera ter presenciado minha experiência. Já havia amanhecido, e ele pediu para conversarmos um instante, mas que me vestisse primeiro, pois logo o povo pelotense começaria a transitar por ali, principiando mais um dia de trabalho. Aquela cena me assustou, mas não me senti envergonhado. Estava satisfeito com a minha experiência, mesmo que fizesse sentido apenas para mim. Então, fomos lado a lado, até o Café Aquarius, e, de pé ao lado do balcão do estabelecimento, foi que Ari perguntou-me: “estás precisando de ajuda?”.

Gabriel Borges
Professor, poeta, escritor e compositor. É pelotense. Publicou "[in]fértil - poesia alguma", no ano de 2010. Encontra-se em fase de conclusão de sua estreia na narrativa: um livro de contos.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013


Dois

- Todo amor, mesmo aquele que inunda o coração por um momento, é amor.
Há amores que se perpetuam e há amores que são orvalho.
Duram apenas uma madrugada, mas são infinitamente belos
Será que têm menos valor?
Mas quem viveu sabe que foi amor...

Se a gente se amou?
O teu cheiro ainda está em mim...
Isso de ser assim.
O teu lugar vazio...
Sim... é tão real
Saudade??? Não...
A saudade é dor
e as marcas do amor
não fazem mal...

Maria Constança Caetano é professora de alfabetização e de língua portuguesa (por um acaso feliz).
Arroio-grandense de berço e de alma...
Sempre viveu cercada de livros, cadernos e crianças... Foram quarenta e quatro anos em sala de aula.
Com duas filhas também alunas.
Mulher de muitas lutas e de muita fé na humanidade...
Insistente: cada ser humano tem o direito e a obrigação de chegar ao topo, atingindo o máximo daquilo que é capaz.
Ler... porque só quem lê pode ser livre...
Escrever é uma consequência... quando o coração está cheio extravasa...

sábado, 11 de maio de 2013

Azul


Marcela Soares Rodrigues nasceu em Arroio Grande/RS, em 1985, mas reside em Pelotas/RS. É cantora, instrumentista e compositora,e estuda Comunicação Social. Obtidas por meio de câmera de telefone celular, suas fotos publicadas neste periódico integram um projeto de experiência em fotografia com mídias alternativas

A CORDA

...
Sei que a felicidade pode chegar para quem quer ver/ouvir Velas, Cantos e Palavras precisas/imprecisas a respeito do que somos. Mas o que tem acontecido em razão da postura do infeliciano deve ficar marcada da História de Intolerância Brasileira. Me diga! Que tipo de oposição podemos ter diante de tal falta/infeliz de regulação/primitiva? Infelicianamente constato que as regras da Moral imposta apenas reafirmam uma ditadura pouco coerente com o que vivemos hoje.
Se o s__o é só para reprodução, por que tanto moralismo com o tema? SABEMOS que entre os mais regulados, também há o uso dos prazeres sem tal função reprodutora. A hipocrisia pode fazer parte dos discursos mais “sublimes”. E o que mais se vê por aí é a reprodução de núcleos no espelho. Sim, procriar também é Mito, e muitos continuam a se ver no espelho da prole, reproduzindo pequenos narcisos/reprodutores.
Para quem não acordou: Vermelho/r o que anda acontecendo por aí no mercado reacionário de propaganda que reduz as diferenças do Ser em Norma cheia de Limites. Saia da casca, Acorde! É sempre bom Vermelho/r com os próprios olhos, que com os olhos dos outros. Acorde!


Danilo Machado nasceu em Herval/RS. Atualmente, é professor de Letras, em Aracaju/SE.

sábado, 4 de maio de 2013

Casinha


Márcia Horner Ferreira nasceu em 67. Prefere ser turista, mas precisa voltar sempre para sua raiz (Arroio Grande), onde encarna a veterinária, que é para manter suas paixões: estrada e fotografia.

Eu, poeta

Poetas são crianças, que aprenderam cedo lições de adultos...
mas vivem de sonhos, porque a realidade lhes faz mal.
Poetas raramente são compreendidos...
assim vão pela vida sozinhos...

Amo
mas não amo de um amor pequeno, amo infinito
amor generosidade...
amor de criança, que cedo aprendeu as lições de adultos...


Maria Constança Caetano é professora de alfabetização e de língua portuguesa (por um acaso feliz).
Arroio-grandense de berço e de alma...
Sempre viveu cercada de livros, cadernos e crianças... Foram quarenta e quatro anos em sala de aula.
Com duas filhas também alunas.
Mulher de muitas lutas e de muita fé na humanidade...
Insistente: cada ser humano tem o direito e a obrigação de chegar ao topo, atingindo o máximo daquilo que é capaz.
Ler... porque só quem lê pode ser livre...
Escrever é uma consequência... quando o coração está cheio extravasa...

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Sede


A professora Eliana Lúcio nasceu em 1961, em Arroio Grande/RS, onde, nos dias de chuva de sua infância, viu germinar sua grande paixão, a fotografia. A caixa de fotos da família, santo remédio encontrado pela mãe para aquietar a menina de suas traquinagens, não foi motivo, portanto, para que Eliana, licenciada em Artes Plásticas e admiradora da maestria dos construtores, aquietasse a alma ou estancasse a criatividade de sua mente. Residindo em sua cidade natal, aproveita-se da privilegiada claridade de seus rincões para gravar belas imagens dos mundos que abundam de suas vivências.

Do ir e do vir


tu, de prometido, tiveste em torno
das tantas vezes em que as madeixas
que me deixaste, se não reluzindo a essência que clamei,
tornavam a transcender queixas sobre ti

tornavas, ainda que se levando pelo deslumbre
de um tempo que não havia, a inércia, de tal
modo revigorada nas mãos que me seguram,
como as minhas seguravam laços desfeitos no teu ombro,
a eterna razão de tombos que caí

por quê?

temias muito, muito mais do que o oposto
de um prometido levado, a esplêndida que seria
paixão, despertar de fantasia, sentida sobre
mãos que não as tuas, seios que não os teus
afugentados em sonhos que nem meus seriam...

porque se dizia, que mesmo não cumpridas as
compridas e vagas impossibilidades seculares
de que tanto te lembras, pelas quais tanto vagaste
não suprimi o mais singelo pacto, outrora selado
o de amar-te, mesmo não sendo amado.

Lucas Langie Pacheco tem dezoito anos, é pelotense e bacharelando em direito. Interessa-se em tudo que o ser humano produz, mais no sentido daquilo que faz do que no daquilo que cria. Por vezes escreve, por outras não.

terça-feira, 16 de abril de 2013

"na prisão do ar"


Alexandre Neutzling nasceu em Canguçu/RS, no ano de 1980. Mora em Pelotas, onde graduou-se em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, na Universidade Católica de Pelotas. Atua como fotógrafo profissional, em trabalhos como: Books, Eventos, Recepções, Aniversários, Fotos Artísticas, Fotos Publicitárias e Ensaios Fotográficos.

Eu Vivo Em Voz e Poesia

Ofuscou-se a luz da lua
Que era espelho dos teus olhos
Dando tom à madrugada...
Ganhei distância e estrada
Perdi encanto e carinho...
Outra vez, sangrei o espinho
Outra vez, rumei ao nada.

Quebrou-se a voz da guitarra
Agora, já recostada
Entristece junto ao ninho...
- Será que errei o caminho ?
(Te procuro no que fiz)
E se o meu sonho te quis
Por quê me vejo sozinho ?

Até pensei, por momento
Indagar o céu escuro
Sobre o que tento entender...
Se meu destino é sofrer
...eu que tanto plantei flores...
Vejo que brotaram dores
E a ferida irá crescer.

Minha janela, fechada
Talvez, traduza o que sinto
Em sua devida moldura...
Rascunho não é figura,
Memória não é saudade...
E quem mente a realidade
Se realiza em alma impura.

Quem diria, até a Roseira
Desbotou, com face estranha
Pois, soube do acontecido...
Ficou o olhar esquecido,
A flor pela primavera...
E quem pensou que algo era
Apenas pensou ter sido.

Deste jeito, anda vazio
Meu jardim de inquietudes
Com folhas secas, sem dono...
Mas me estranha ver o trono
Sem exaltar sua rainha...
- Sou feito as folhas sozinhas
(Ainda nem chegou o Outono).

A voz já se faz escassa
O jardim segue vazio
- Se apresenta a solidão...
Me atinge a voz da emoção
N’outro verso ao desamor
Prevendo se teu sabor
Vai tocar meu coração.

Pouco tempo, muita insônia
Neste silenciar errante
Contemplado de sereno...
Por mais que o poema pleno
Demonstre certa beleza,
Ele esconde estas tristezas
Que ganhei do teu veneno.

Eu pensei ser covardia
Descrever tudo que sinto
Nas linhas - meu terno leito -
Mas dou-me conta e aceito:
- Quem irá saber, donzela
Se dormes quieta ou vais bela
Mostrando aos outros teu jeito ?

Pelas ruas da cidade
Hei de transcorrer, num sonho
Mesmo que seja acordado...
Quem me dera, este mandado
Soubesse meu despertar
Me fazendo te encontrar
Dia a dia, lado a lado.

Ah! É mais doída a ausência
Pelas mãos madrugadeiras...
- Será que não se dá conta ?
Ela sempre me desmonta
Quando se achega – daninha –
Ela sempre vira minha
Quando a poesia conta.

Talvez, me escutes, donzela...
Mesmo afastada do berço
Que me prende às incertezas...
Exponho as cartas na mesa,
Te revelo a minha proposta...
Depois me conta se gostas
Mas me escutes, com clareza:

- Há folhas secas no pátio
Varrendo sorrisos breves
Que enganam outros tantos...
O silêncio engole o pranto,
A Roseira (quase morta)
Também implora a tua volta...
Assim, brotará, eu garanto !

Horas vão, horas passam
Ânsias chegam, ânsias longas
Que já não sei devolver...
Dizem que é simples não ver
Procurar-se em outro alguém
Mas o que os olhos não vêem
O coração vai saber.

Logo, o breu será completo
Até a cor de um dia novo,
- Do restante, nada sei.
Tanta coisa versejei
E no final deste vício
Prossigo o mesmo do início
Quando o teu adeus guardei.

Atendo o aviso d’alma
- Relutar, de pouco adianta
Pra quem nem lembra meu riso...
A poesia, eu eternizo
Tua lembrança, junto dela
Assim que eu voltar, donzela
Saberás do que preciso.

Finda o verso, finda a prece
Derramada com desejos
Sobre os lábios da magia...
Tu soubeste o que eu queria
E mesmo estando tristonho
Te entrego o beijo num sonho
Pois vivo em voz e poesia.

Matheus Costa Borges nasceu em 1995, na cidade de Dom Pedrito. Cursa o último ano do ensino médio. Começou a escrever aos 12 anos, foi uma coisa que surgiu bem natural, por intenção própria. Acredita que o maior bem de quem se atreve a escrever é poder dar conforto à própria alma no 'silêncio falante' que a poesia oferece.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Deserto de luz


Marcela Soares Rodrigues nasceu em Arroio Grande/RS, em 1985, mas reside em Pelotas/RS. É cantora, instrumentista e compositora,e estuda Comunicação Social. Obtidas por meio de câmera de telefone celular, suas fotos publicadas neste periódico integram um projeto de experiência em fotografia com mídias alternativas

Sem saída

Teu corpo
Extensão do meu vício
Caloroso artifício
Onde deito a minha insignificância

Essa ânsia
Estancada por tua presença
Queima com o fogo da inclemência
Subindo as paredes do quarto

E eu farto
Por não me conhecer direito
Entrego a ti o meu peito
E as rédeas da minha vida

Sem saída
Assim eu quero ficar.



Natural de Caçapava do Sul/RS, Daniel Moreira reside em Pelotas/RS desde 1996. Em 2009 publicou seu primeiro livro de poesias chamado "Poemas Urbanos". Foi coordenador por onze edições do Projeto Sarau Poético Musical da Bibliotheca Pública Pelotense. Faz parte do núcleo Poesia no Bar, projeto que distribui poemas de autores locais e regionais em marca-textos pelos bares de Pelotas. Mantém o blog Poemas Urbanos (http://poemas-urbanos.blogspot.com.br/) onde posta com frequência seus escritos mais recentes. Escreve na Revista Samizdat (www.revistasamizdat.com) todo o dia 5 de cada mês além de fazer parte da equipe da Revista Seja - Poesia e Literatura (http://revista-seja.blogspot.com.br/).

quinta-feira, 21 de março de 2013

Luz e Sombra

Márcia Horner Ferreira nasceu em 67. Prefere ser turista, mas precisa voltar sempre para sua raiz (Arroio Grande), onde encarna a veterinária, que é para manter suas paixões: estrada e fotografia.
Em raiz de curta noite
lá em cima de um monte
um castelo surgia
em meia luz
ao meio dia
Simples e obsoleto
mergulhando em areia frutífera
se constrói em movimento.
Em sua santidade
havia flores
e também maldades
Queria sorrir
e também morar
lá em cima de um monte
queria cavalgar.

Sentia forte
e seguras
aquelas mãos,
fruto bem maduro
Imaginava sozinho
aquele belo menininho
que carregado de ilusões
viaja por sertões.
e por tantas em raiz de noite curta
lamentava e suava suas indignações



Hohanne Vilela é jaguarense e tem 19 anos. Sempre gostou de escrever, mas se apaixonou pela Literatura na Universidade. Foi encontrada pela poesia no ano de 2012, quando criou o blog http://oaltardopensar.blogspot.com.br/, seguido pelo atual http://paralisiadascoresmudas.blogspot.com.br/. Escreve sobre o que a deixa inquieta. Faz parte do Círculo dos Poetas e Escritores da Unipampa.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Submersos


A professora Eliana Lúcio nasceu em 1961, em Arroio Grande/RS, onde, nos dias de chuva de sua infância, viu germinar sua grande paixão, a fotografia. A caixa de fotos da família, santo remédio encontrado pela mãe para aquietar a menina de suas traquinagens, não foi motivo, portanto, para que Eliana, licenciada em Artes Plásticas e admiradora da maestria dos construtores, aquietasse a alma ou estancasse a criatividade de sua mente. Residindo em sua cidade natal, aproveita-se da privilegiada claridade de seus rincões para gravar belas imagens dos mundos que abundam de suas vivências.

Sincero Pranto de Um Prisioneiro das Varas

Retumba um casco na pedra...
E lembro que há tanto tempo, não sinto o puro do vento
Roçar na franja tordilha...
Sinto o peso de outra carga, que me toca carregar
Com destino pra entregar, mas sem visão de retorno...

Em minha volta, o concreto faz silêncio no caminho...
Eu sigo, bem mais sozinho...
Ao olhar destes estranhos, que nem reparam os lanhos
Sobre meu couro estradeiro..
- Só mais um flete cargueiro, só mais um simples vassalo...

Serei vassalo, senhor ? Eu que carreguei, nos tentos
O teu singelo sustento, que te faz vivo à este mundo...
Eu que tive o suor das horas, eu que conheci a espora
E a dor que sempre me implora, cobrando pressa e coragem...

Talvez seja prisioneiro das varas desta carroça...
Eu que, quando ainda potro, sonhei galopes nas várzeas
Pisei o pasto nativo, e tive guarida ao campo
Eu que nunca pedi tanto, agora sobre esse pranto
Demonstro à ti, meus motivos...

Eu fui cavalo do pampa...
Retocei nos mananciais, conheci os sumidouros
Fugi das rusgas de touro, aprendendo onde cruzar...
Desde cedo na tropilha
Pensava que as tuas encilhas seriam a pior prisão
Até tocar outro chão, não mais campo e claridade
Sou cavalo da cidade, troteando em troca de pão...

Então soube que as mangueiras não eram o pior destino
Que o afago repentino de quem me estendeu o braço
Não me roubaria espaço, se continuasse no campo
- Retorno ao triste do pranto. Estoura um mango no espaço...

Por quê será que tu, homem, guardas o ego maior
E só pensas ser melhor, sem reparar teu igual ?
Por quê me tiraste o freio, e me largaste na rua
Sob a luz branca da lua, bastereado e sem buçal ?

Perdi a conta da idade, mas vejo que passou muito...
Ainda julgam-me escravo e de instinto irracional...
Destopeteado, sem Norte, buscando o rumo da sorte
Ou o desaviso da morte, pra voltar a ser bagual...

Talvez, a estrada que vim, se mostre aqui, novamente
E eu veja o campo por frente, me cabresteando - qual filho -
Me desapertem o lombilho, tirem-me o freio... Assim seja !
Me vou, pisando carquejas, pra o velho cocho de milho...

Ouço o relincho dos outros, como em chamado presente
Pra que o silêncio latente, se quebre e eu não sinta a espora...
Vejo o templo lá de fora, com saudade de outros planos
E mostro à ti, ser humano, que cavalo também chora !

Logo, retorno - silente - ao atual berço que habito...
Ouço batidas e gritos, sigo extraviado ao sentir
Peço que possa surgir, boa consciência pra tantos...
- Cavalo é filho do campo, de onde não deve partir !



Matheus Costa Borges nasceu em 1995, na cidade de Dom Pedrito. Cursa o último ano do ensino médio. Começou a escrever aos 12 anos, foi uma coisa que surgiu bem natural, por intenção própria. Acredita que o maior bem de quem se atreve a escrever é poder dar conforto à própria alma no 'silêncio falante' que a poesia oferece.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Lisura


Alexandre Neutzling nasceu em Canguçu/RS, no ano de 1980. Mora em Pelotas, onde graduou-se em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, na Universidade Católica de Pelotas. Atua como fotógrafo profissional, em trabalhos como: Books, Eventos, Recepções, Aniversários, Fotos Artísticas, Fotos Publicitárias e Ensaios Fotográficos.

quarta-feira, 6 de março de 2013

POEMALISMO

Poetizo porque preciso plantar palavras.
Petrificar poesia pura, plácida.
Poetizo para permanecer perene.
Poetizo prisioneiros pesadelos.
Poetizo poeira presa perante pensamento.
Pensamento passageiro, pensamento peregrino.
Poetizo pandorgas pairando paralelos.

Poemizo palavras pulando precipícios.
Psicóticas, perigosas...
Pequenas partículas patológicas.
Piro.
Problematizo.

Poemalizo paciente...preces, pedidos,presságios para
Pardos pobres
Pretos punks
Putas pervertidas
Pessoas pedindo...permanente perdão.

Presente, passado, princípio...POEMALISMO.



Lutiele Tajes mora em Arroio Grande/RS, sua cidade natal. É estudante de Letras da Unipampa - Campus Jaguarão, e participa Círculo dos poetas e escritores da Unipampa.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Fantasma


Alisson Affonso é cartunista, quadrinhista e ilustrador. Mora em Rio Grande, cidade onde nasceu, em 1979.

4ª Maria



Naqueles dias em que Eras minha vó, só um átomo; o jovem Sol jogava ao longe seus longos cabelos de fogo. Andava cheio de olhares pra duas pupilas: A menina Terra vestida de azul com mantos brancos e transparentes, e a Lua em sedução enigmática. Universo em desequilíbrio escolha - Que dilema! Foi quando a menina tomou uma decisão: Assaltar uma daquelas 4 estrelas alinhadas no céu. O Sol gostava de ouvir contar sobre a Noite! - um mistério para ele - e mais ainda sobre as estrelas, essas incertezas da Eternidade que já morreram. Com sua delicadeza translúcida a Terra pescou uma delas e a fincou na própria orelha. A escolha estava feita! O Sol a puxou para perto de si e eles se amaram. Do seu calor brotaram Homens e o brinco de estrela floresceu Mulher! Dizem até, que enquanto dormimos, Maria anda nua por aí lançando pétalas sobre os telhados. A Lua escondeu a barriga no lado escuro, e há quem diga que ela tem encontros com o Sol sob o olhar sombrio da Terra. O Universo nunca deu falta da 4ª Maria. Mas e Maria? Maria vive atormentada em busca da palavra certa que lhe permita, por um instante, visitar suas 3 irmãs...

Sílvio Nunes, tem 41 anos, é funcionário público na Prefeitura de Jaguarão, onde reside. É natural de Arroio Grande e sempre gostou muito de escrever. Política e religião eram os seus alvos até 3 anos atrás quando descobriu a poesia - ou foi ela que o descobriu? O que interessa é que foi ela que o trouxe novamente pra vida, ela o salvou, deu-lhe ar pra respirar! É  graduando do curso de Letras (Português/Espanhol), na Unipampa, tem escrito para o Jornal Meridional da cidade (Espaço do Poeta) e também no blog do NELPP (Núcleo de Estudos Linguísticos e Pedagógicos do Português – Unipampa) http://www.nelpp-unipampa.blogspot.com.br/p/silvanydades.html. Participa do Círculo dos poetas e escritores da Unipampa.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Solar Santa Clara


Marcela Soares Rodrigues nasceu em Arroio Grande/RS, em 1985, mas reside em Pelotas/RS. É cantora, instrumentista e compositora,e estuda Comunicação Social. Obtidas por meio de câmera de telefone celular, suas fotos publicadas neste periódico integram um projeto de experiência em fotografia com mídias alternativas

Samba do Bomfim

Não precisa naufragar
tem terra firme nesse mar
nem é tão longe assim
não duvida do Bomfim,
não duvida

O Bomfim pediu pra ir
foi rumando sem se despedir
disse que estava de partida

-Já que ninguém se anima,
me vou, não duvida de mim
não duvida -

E fez dum barco de pano
um plano pra atravessar
nem as rodas do oceano
conseguem segurar

Mesmo que esteja tão ruim
acredita no Bomfim
no final há sempre de ser
bem bom

Nêga, não duvida do Bomfim
mesmo que seja tão ruim
o final pra gente há de ser
bem bom



Matheus Ávila nasceu, cresceu e plantou-se em Arroio Grande / RS, desde 1983.
Bacharel em Design Gráfico pela UFPEL, transita - a seu modo - entre letras, sons e imagens.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Sereia Sifilítica


A professora Eliana Lúcio nasceu em 1961, em Arroio Grande/RS, onde, nos dias de chuva de sua infância, viu germinar sua grande paixão, a fotografia. A caixa de fotos da família, santo remédio encontrado pela mãe para aquietar a menina de suas traquinagens, não foi motivo, portanto, para que Eliana, licenciada em Artes Plásticas e admiradora da maestria dos construtores, aquietasse a alma ou estancasse a criatividade de sua mente. Residindo em sua cidade natal, aproveita-se da privilegiada claridade de seus rincões para gravar belas imagens dos mundos que abundam de suas vivências.

Ressurreição

Num mundo,
onde há marcas de ti
em forma de cruz...
na dor assumida,
na morte vencida,
numa festa de luz...

Num mundo,
onde há marcas de ti
pode o mal triunfar?

Ou haverá hoje alguém,
assumindo também
o teu jeito de amar?




Maria Constança Caetano é professora de alfabetização e de língua portuguesa (por um acaso feliz).
Arroio-grandense de berço e de alma...
Sempre viveu cercada de livros, cadernos e crianças... Foram quarenta e quatro anos em sala de aula.
Com duas filhas também alunas.
Mulher de muitas lutas e de muita fé na humanidade...
Insistente: cada ser humano tem o direito e a obrigação de chegar ao topo, atingindo o máximo daquilo que é capaz.
Ler... porque só quem lê pode ser livre...
Escrever é uma consequência... quando o coração está cheio extravasa...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Entre



Márcia Horner Ferreira nasceu em 67, prefere ser turista, mas precisa voltar sempre para sua raiz (Arroio Grande) onde encarna a veterinária que é, para manter suas paixões: estrada e fotografia.
Foram-se... eram luzes de que não se podia
Trazer desejos acautelados na brisa firme por que canto.
Mesmo que assim, elas estavam.
das pequenas conchas via-se a vida uma vez deixada,
de estrelas, a prece rezada em tanto
de cores, certeza de flores em nada,
disso...
te vejo
velejando nas areias pela calma do teu balanço
que, de tão manso, penso ser infinito, a não se deixar
pelo que é dito no teu suspiro em solidão.
Sábias as vezes que tenho, então, de assistir a marés
um tanto incautas nas gotas de um viés
ainda não dito;
faltas... não há mais alegria
em época de solstício
e em que toda sinastria
é mero vício, é ofício
de quando se está sem ti.
Quando dito, se sabia,
a luz que a mim viria enfim lamentaria:
cantos para a noite; tu és do meu dia.



Lucas Langie Pacheco tem dezoito anos, é pelotense e bacharelando em direito. Interessa-se em tudo que o ser humano produz, mais no sentido daquilo que faz do que no daquilo que cria. Por vezes escreve, por outras não.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Exu




(Aquarela, lápis de cor e photoshop)


Alisson Affonso é cartunista, quadrinhista e ilustrador. Mora em Rio Grande, cidade onde nasceu, em 1979.

Grogue Girls

Garrafa,
Gim,
Gole.
Glúteos gingam geografias,
Gostosa!!!!
Garrafa,
Gim, gelo
Gole, gole
Garotas, gurias
Garrafa,
Gim, gim
Gelo, gelo
Gole, gole
Geram galantes gestos
Garrafa,
Gim, gim, gim
Gole, gole, gole
Girando...
Gargalhadas, ganzás, guitarras
Gim, gim, gim
Grandiosa galeria
Guernica: guerra genocídio
Guache gravura
Grotesca garatuja
Girando globo...
Gaiola, grilhões, grana
Gim, gim, gim
Garoa gelada guarda-chuva
Gardênias galopam galáxias
Girafas garbosas ginastas
Guangues guetos
Gangorras gandaia
Garrafa,
Gole, gole
Gim, gim
Gaitas,
GessingerGadú
Gorjeiam Gardel...genial !!!!!
Gaveta: gaivotas guardadas
Gim, gim
Gole, gole
Giro gravitacional
...
Guardiões, gigante Gnômon
Gárgulas gladiam,
Gnomos garimpam,
Glorioso Graal
Golpe genuíno
Gim, gim, gim...
Gestos grosseiros,
Gritos, gírias,
Gostos, grilos,
Gargalo
Gim, gim, gim
Grinalda, gerânios,
Grama, gemidos...
Girando...
Girando...
Girassol !!!
Gim, gim, gim
Garranchos giz

Lutiele Tajes mora em Arroio Grande/RS, sua cidade natal. É estudante de Letras da Unipampa - Campus Jaguarão, e participa Círculo dos poetas e escritores da Unipampa.


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Aves e Pássaros

Alexandre Neutzling nasceu em Canguçu/RS, no ano de 1980. Mora em Pelotas, onde graduou-se em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, na Universidade Católica de Pelotas. Atua como fotógrafo profissional, em trabalhos como: Books, Eventos, Recepções, Aniversários, Fotos Artísticas, Fotos Publicitárias e Ensaios Fotográficos.
essas tuas verdades
vão acabar criando deuses
caindo de escadas
saltando da vida
pulando sacadas

essas tuas verdades
vão acabar acordando demônios
tropeçando nas cores
pisoteando a grama
represando as dores

essas tuas verdades
vão acabar despertando luxúrias
causando pudores
mordendo a carne
retesando amores

essas tuas verdades
nem parecem mentiras.


Valder Valeirão nasceu em Pelotas, trabalha com design há uns 15 anos, escreve poesias e anda compondo músicas com diversos parceiros músicos.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Extraterreno


Marcela Soares Rodrigues nasceu em Arroio Grande/RS, em 1985, mas reside em Pelotas/RS. É cantora, instrumentista e compositora,e estuda Comunicação Social. Obtidas por meio de câmera de telefone celular, suas fotos publicadas neste periódico integram um projeto de experiência em fotografia com mídias alternativas.

Amada

Amada
Adoro quando tu disparas
Tuas armas de convencimentoTodas
Na minha direção
Eu vivo
Por feliz que sou e digo
Ouvindo atento e refletindo
O jogo de palavras doces
Que verte pela tua contramão

Amada
Nunca pense em tom de despedida
Em choro e velhas recaídas
Espere um pouco
Atente a outros perigos
Eu morro
A cada esquina
A cada fim de encontro, desligo
E me refaço num segundo
Quando quero estar contigo.


Natural de Caçapava do Sul/RS, Daniel Moreira reside em Pelotas/RS desde 1996. Em 2009 publicou seu primeiro livro de poesias chamado "Poemas Urbanos". Foi coordenador por onze edições do Projeto Sarau Poético Musical da Bibliotheca Pública Pelotense. Faz parte do núcleo Poesia no Bar, projeto que distribui poemas de autores locais e regionais em marca-textos pelos bares de Pelotas. Mantém o blog Poemas Urbanos (http://poemas-urbanos.blogspot.com.br/) onde posta com frequência seus escritos mais recentes. Escreve na Revista Samizdat (www.revistasamizdat.com) todo o dia 5 de cada mês além de fazer parte da equipe da Revista Seja - Poesia e Literatura (http://revista-seja.blogspot.com.br/).

Esporádicos

Es demasiado tarde? Ó talvez demasiado temprano? Aún no logro salir del impacto desgarrador que ha causado este incidente casi accidente en mí; pero esta agonía que se apodera de cada rincón de mi raquítico espíritu se hace cada día más densa y aniquilante. Por mucho tiempo considere que esta incertidumbre de tenerte presente era mejor que la certeza de tu abandono… ahora mientras más me pregunto menos respuestas obtengo, solamente sé que todavía es inconcebible mi cerebro sin ti. Mi cuerpo te llama, mi mano te necesita, mis ojos ya no te ven; pero mi cabeza te piensa, te urge, te añora. Mis labios no te besan pero te sufren. Mi reloj se detuvo porque a pesar de todo continúa esperándote. Esta larga – y poco dulce - espera pide respuestas; pero estas únicamente vienen con esporádicas esperanzas acompañadas de persistentes puñaladas. Y yo sigo aquí sin pena ni gloria esperando no sé qué…

Pd: Porque a veces pasa que te busco, pero no siempre te encuentro.... Y te espero y no siempre llegas...


Carolina Villavicencio, “Saudade”, Comunicadora Social de origen Ecuatoriano apasionada por la comunicación y todo el azar que genera con su existencia… Sin certezas en la vida pero con la firme convicción de que la gente se encuentra unida únicamente por las historias, las contrariedades, las nimiedades, los relatos construidos, las vivencias reciprocas, los momentos unívocos, las complicidades compartidas en las que el lenguaje en constante construcción y deconstrucción es el puente para la unión de hecho…

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Telhados lá de fora



A professora Eliana Lúcio nasceu em 1961, em Arroio Grande/RS, onde, nos dias de chuva de sua infância, viu germinar sua grande paixão, a fotografia. A caixa de fotos da família, santo remédio encontrado pela mãe para aquietar a menina de suas traquinagens, não foi motivo, portanto, para que Eliana, licenciada em Artes Plásticas e admiradora da maestria dos construtores, aquietasse a alma ou estancasse a criatividade de sua mente. Residindo em sua cidade natal, aproveita-se da privilegiada claridade de seus rincões para gravar belas imagens dos mundos que abundam de suas vivências.

Reticências

Página pura de listras horizontais
Limpo minhas mãos nela
Dos meus tormentos marginais
Um clone na vidraça da janela

Com desenhos martelados
Onde escondo meus medos
Em 3 pontos... Meus pecados
Que escorrem pelos dedos

Escrever o que devo esquecer
No intervalo dessas linhas
Ocultar o meu sofrer
Nas pequenas “paradinhas”...

Universo de histórias antigas
Presentes em versos e ausências
Até Deus fez essas rimas
3 Marias e reticências...



Sílvio Nunes, tem 41 anos, é funcionário público na Prefeitura de Jaguarão, onde reside. É natural de Arroio Grande e sempre gostou muito de escrever. Política e religião eram os seus alvos até 3 anos atrás quando descobriu a poesia - ou foi ela que o descobriu? O que interessa é que foi ela que o trouxe novamente pra vida, ela o salvou, deu-lhe ar pra respirar! É graduando do curso de Letras (Português/Espanhol), na Unipampa, tem escrito para o Jornal Meridional da cidade (Espaço do Poeta) e também no blog do NELPP (Núcleo de Estudos Linguísticos e Pedagógicos do Português – Unipampa) http://www.nelpp-unipampa.blogspot.com.br/p/silvanydades.html. Participa do Círculo dos poetas e escritores da Unipampa.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Introspecção

Dentro de mim,
onde todos os idiomas comunicam
não há limites
nem barreiras...

Dentro de mim,
onde vivem minhas lembranças
não há culpas
nem é proibido...

Dentro de mim,
onde o tempo não passa
e a beleza ficou
não há impossível...

Dentro de mim,
eu sou livre para ser
e sou eterna...

Eu sou Amor dentro de mim..


Maria Constança Caetano é professora de alfabetização e de língua portuguesa (por um acaso feliz).
Arroio-grandense de berço e de alma...
Sempre viveu cercada de livros, cadernos e crianças... Foram quarenta e quatro anos em sala de aula.
Com duas filhas também alunas.
Mulher de muitas lutas e de muita fé na humanidade...
Insistente: cada ser humano tem o direito e a obrigação de chegar ao topo, atingindo o máximo daquilo que é capaz.
Ler... porque só quem lê pode ser livre...
Escrever é uma consequência... quando o coração está cheio extravasa...

Casa no campo



Márcia Horner Ferreira nasceu em 67, prefere ser turista mas precisa voltar sempre para sua raiz (Arroio Grande) onde encarna a veterinária, que é para manter suas paixões: estrada e fotografia.

Canto Sem Fronteira

Rompeu-se o silêncio antigo
Com cantos nas tolderias
Nas primeiras melodias
De algum ritual pagão
Pra transformar-se em canção
Povoando o pampa de notas
Na nossa origem remota
Das tribos de Ibagé
Que continuam de pé
Preservando uma cultura
Pois nosso canto perdura
Nesta terra de Bagé.

Depois chegaram os padres
Novos cultos – dobram sinos
E o nosso canto genuíno
Moldou-se ao do velho mundo
Mas continuando profundo
Sonoro mas primitivo
E segue batendo estrivo
Tempo adentro – campo afora
Correndo e tinindo espora
Pra provar que ainda está vivo.

Mais adiante, aqui ouviu-se
Os clarins de Dom Diogo
Continuando o mesmo jogo
Da inconstância das fronteiras
E o zunir das boleadeiras
Falando o mesmo idioma
E a tudo isso se soma
As mazurcas e pericons
Mesclando cantos e sons
De outra rédea – mesma doma.

Seguiu-se o grito tropeiro
Abrindo estrada a peçunha
Mensageiro e testemunha
Da nossa história distante
Desbravador- bandeirante
No rumo do campo largo
Enquanto ceva um amargo
Depois que a lua se esconda
Com o mesmo canto de ronda
Neste ofício – nobre encargo.

Cruzaram os campos do sul
Milícias e montoneras
Mais que idiomas – bandeiras
Delimitando tratados
Cada um de lado a lado
Na contingência paisana
Brasileira – castelhana
É preciso que se olvide
Se a insensatez nos divide
Um poema nos irmana.

A eloqüência das palavras
Das cátedras e tribunas
Juntou-se a força turuna
Entre berros e relinchos
Quando um cantar de pelincho
Inunda o silêncio inteiro
Esse é o meu canto campeiro
É esse o canto que trago
Esse é o timbre do meu pago
Mais puro e mais verdadeiro.

E por fim – aqui estamos nós
Com o compromisso moral
E a bagagem cultural
Do tamanho do universo
Tentando expressar num verso
A nossa saga campeira
Sem cor de lenço ou bandeira
Só a gaúcha trajetória
Querendo cantar a história
Neste Canto sem Fronteira.



Eliezer Dias de Sousa nasceu em Bagé/RS, cidade onde ainda mora. É professor aposentado da Universidade da Região da Campanha, compositor, poeta e apaixonado pelo universo da vida campeira.