terça-feira, 16 de abril de 2013

Eu Vivo Em Voz e Poesia

Ofuscou-se a luz da lua
Que era espelho dos teus olhos
Dando tom à madrugada...
Ganhei distância e estrada
Perdi encanto e carinho...
Outra vez, sangrei o espinho
Outra vez, rumei ao nada.

Quebrou-se a voz da guitarra
Agora, já recostada
Entristece junto ao ninho...
- Será que errei o caminho ?
(Te procuro no que fiz)
E se o meu sonho te quis
Por quê me vejo sozinho ?

Até pensei, por momento
Indagar o céu escuro
Sobre o que tento entender...
Se meu destino é sofrer
...eu que tanto plantei flores...
Vejo que brotaram dores
E a ferida irá crescer.

Minha janela, fechada
Talvez, traduza o que sinto
Em sua devida moldura...
Rascunho não é figura,
Memória não é saudade...
E quem mente a realidade
Se realiza em alma impura.

Quem diria, até a Roseira
Desbotou, com face estranha
Pois, soube do acontecido...
Ficou o olhar esquecido,
A flor pela primavera...
E quem pensou que algo era
Apenas pensou ter sido.

Deste jeito, anda vazio
Meu jardim de inquietudes
Com folhas secas, sem dono...
Mas me estranha ver o trono
Sem exaltar sua rainha...
- Sou feito as folhas sozinhas
(Ainda nem chegou o Outono).

A voz já se faz escassa
O jardim segue vazio
- Se apresenta a solidão...
Me atinge a voz da emoção
N’outro verso ao desamor
Prevendo se teu sabor
Vai tocar meu coração.

Pouco tempo, muita insônia
Neste silenciar errante
Contemplado de sereno...
Por mais que o poema pleno
Demonstre certa beleza,
Ele esconde estas tristezas
Que ganhei do teu veneno.

Eu pensei ser covardia
Descrever tudo que sinto
Nas linhas - meu terno leito -
Mas dou-me conta e aceito:
- Quem irá saber, donzela
Se dormes quieta ou vais bela
Mostrando aos outros teu jeito ?

Pelas ruas da cidade
Hei de transcorrer, num sonho
Mesmo que seja acordado...
Quem me dera, este mandado
Soubesse meu despertar
Me fazendo te encontrar
Dia a dia, lado a lado.

Ah! É mais doída a ausência
Pelas mãos madrugadeiras...
- Será que não se dá conta ?
Ela sempre me desmonta
Quando se achega – daninha –
Ela sempre vira minha
Quando a poesia conta.

Talvez, me escutes, donzela...
Mesmo afastada do berço
Que me prende às incertezas...
Exponho as cartas na mesa,
Te revelo a minha proposta...
Depois me conta se gostas
Mas me escutes, com clareza:

- Há folhas secas no pátio
Varrendo sorrisos breves
Que enganam outros tantos...
O silêncio engole o pranto,
A Roseira (quase morta)
Também implora a tua volta...
Assim, brotará, eu garanto !

Horas vão, horas passam
Ânsias chegam, ânsias longas
Que já não sei devolver...
Dizem que é simples não ver
Procurar-se em outro alguém
Mas o que os olhos não vêem
O coração vai saber.

Logo, o breu será completo
Até a cor de um dia novo,
- Do restante, nada sei.
Tanta coisa versejei
E no final deste vício
Prossigo o mesmo do início
Quando o teu adeus guardei.

Atendo o aviso d’alma
- Relutar, de pouco adianta
Pra quem nem lembra meu riso...
A poesia, eu eternizo
Tua lembrança, junto dela
Assim que eu voltar, donzela
Saberás do que preciso.

Finda o verso, finda a prece
Derramada com desejos
Sobre os lábios da magia...
Tu soubeste o que eu queria
E mesmo estando tristonho
Te entrego o beijo num sonho
Pois vivo em voz e poesia.

Matheus Costa Borges nasceu em 1995, na cidade de Dom Pedrito. Cursa o último ano do ensino médio. Começou a escrever aos 12 anos, foi uma coisa que surgiu bem natural, por intenção própria. Acredita que o maior bem de quem se atreve a escrever é poder dar conforto à própria alma no 'silêncio falante' que a poesia oferece.

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