sexta-feira, 30 de maio de 2014

Pelo silêncio da prata (poema de Eliezer Dias de Sousa)

Quem cinzela prata e ouro
Com gosto arte e paciência
Reproduzindo a querência
Com moldes de sua lavra
Dispensa demais palavras
Que o nobre metal reluz
Tua obra em alma traduz
Segredos que o mundo encerra
De um anjo que veio a terra
Num raio guacho de luz.

Ou talvez o conhecimento
Em vidas acumulado
Vindo de um tempo sagrado
Da missionária oficina
Que chegou a ti peregrina
Num sacrossanto sinal
Seguindo o mesmo ritual
Do índio e do missionário
Que molda o próprio sacrário
Santificando o metal.
.

Quem sabe o antigo platero
Dos tempos de Andaluzia
Renascido em novo dia
Moldando vida nas formas
No barro em que transformas
Não vale a importância inata
Do ouro, bronze ou a lata
Que em versos reproduzi
Tua arte fala por ti
Pelo silêncio da prata.
.

Essa arte é dom divino
Que a ciência não explica
Nem tampouco justifica
Entre tentos e filigranas
E minhas rimas profanas
Comprovam um pouco disto
Isso é que estar em Cristo
Em celestial oração
Chegaste assim a perfeição
Tu faz e Deus passa visto.


Eliezer Dias de Sousa nasceu em Bagé/RS, cidade onde ainda mora. É professor aposentado da Universidade da Região da Campanha, compositor, poeta e apaixonado pelo universo da vida campeira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário